UM POUCO DE HISTÓRIA SOBRE AS ALDEIAS DA UNIÃO DAS FREGUESIAS DE BIGORNE, MAGUEIJA E PRETAROUCA:
A União das Freguesias de Bigorne, Magueija e Pretarouca, no concelho de Lamego, foi criada pela Lei 11-A/ 2013 de 28 de Janeiro, ficando Magueija como sede.
São inúmeros e ancestrais os povoados que compõem esta União das freguesias, virados a Norte e localizados numa das mais belas e espectaculares cordilheiras da serra de Montemuro, entre os 800 e os 1200 m de altitude. Lindas e acolhedoras aldeias serranas! Aldeias frescas, verdes e plenas de água!...No inverno os seus montes e vales cobrem-se de neve, e, no Verão, vestem-se de cearas, de feno, de giestas, de carvalhos e de soutos. Esta edílica união de antigas freguesias oferece ainda diversos e apelativos motivos turísticos: miradouros, fontenários, igrejas, capelas, cruzeiros, cruzeirinhos, pontes, artesanato, pesca, caça, praias fluviais, etc.
Bigorne – Situa-se a cerca de 980 metros de altitude e é rodeada por zonas de penedia, mato e floresta de carvalhos. Tem por orago S. Sebastião. A sua localização e vestígios arqueológicos, (as construções circulares, as covinhas e os fornos) revelam a antiguidade do seu povoamento. As elevações vizinhas, como a Fraga e o Seixo, sobre a localidade de Ribabelide eram locais de fácil defesa aos povos pré-romanos. O próprio topónimo local “ Outeiro Mourisco” indica a presença desses povos. O nome primitivo de Bigorne era “Bigórnia”, depois de “Bigorna” representando uma agreste e antiga “villa Bicórnia”, alusão à configuração topográfica da freguesia, quando observada de determinado ângulo. A paróquia de Bigorne, em 1530, ainda não estava criada eclesiasticamente, pois não se encontra mencionada no Censual de Cabido de Lamego dessa época; mais tarde, Bigorne passa a ser curato anexo à Sé de Lamego. Durante anos até perto de 1930, a freguesia de Bigorne esteve anexa à de Pretarouca para efeitos administrativos, mas separada eclesiasticamente. De acordo com o padre D. Joaquim de Azevedo, no ano de 1834, o lugar de Ribabelide passou a pertencer à freguesia de Bigorne. Como monumentos históricos a salientar, podemos encontrar a igreja matriz em Bigorne, uma capela em Ribabelide dedicada a Nossa Senhora de Guadalupe, algumas fontes e cruzeiro. Os seus habitantes dedicam-se à pecuária, à agricultura e ao comércio, verificando-se na camada mais jovem um fluxo à emigração.
Magueija - Magueija está situada na margem esquerda do rio Balsemão. Tem como orago S. Tiago, cuja festa é celebrada todos os anos no mês de Julho. O topónimo “Magueija” é de origem pré-romana. O Padre e historiador regional Manuel Gonçalves da Costa, no seu livro “ Paróquias Beiraltinas Penude e Magueija” aponta-lhe ligações à pré História e raízes pré Celtas e, acrescenta, que são os vestígios da presença romana que melhor atestam a antiguidade da extinta freguesia. Refere ainda, a existência de um povoado romano no lugar de Santa Marinha, este o mais antigo núcleo rural de que há notícia em Magueija. Existe em Magueijinha um pelourinho, que testemunha que Magueija foi sede de concelho, com jurisdição e autonomia municipal, até à reforma do liberalismo em 1835, data em que foi incorporado no concelho de Lamego, e, como tal, é referenciada no Cadastro da população do Reino de 1527. Os montes de Magueija fazem parte de um complexo de elevações montanhosas, que irradiam em várias direcções, a partir da Serra de Montemuro. Estas características do relevo, propícias à defesa e a fertilidade dos seus terrenos, constituíram pontos de atracção para a sedentarização das populações. Em termos de património cultural e edificado, Magueija é rica e dispõe dos seguintes monumentos: a igreja matriz em honra do orago S. Tiago, cinco capelas, cada uma em seu povoado e dedicada a seu Santo, vários cruzeiros espalhados pela aldeia, um pelourinho, inúmeros fontenários, várias pontes sobre o Rio Balsemão, moinhos de cereal, etc. No aspecto económico, Magueija caracteriza-se pelo seu aspecto rural. O cultivo da batata, trigo, centeio, produtos hortícolas e criação de gado eram as principais actividades a que se dedicavam as pessoas, para além de algum comércio local. Actualmente existe uma agricultura reduzida e de subsistência, cuja mão de obra é realizada pelos habitantes mais idosos, pois grande parte da população jovem emigrou, ou foi trabalhar para os grandes centros urbanos.
Pretarouca - Pretarouca, esteve muitos anos anexa a Bigorne, para efeitos administrativos. Foi uma antiga freguesia rural e dela faziam parte dois povoados: Pretarouca e Dornas. Nos cumes que rodeiam Pretarouca registaram-se vestígios arqueológicos ( construções circulares, covinhas, fornos, etc.) que revelavam ser um povoamento muito recuado. A forma antiga do topónimo Pretarouca (que é Porto Tarouca), sendo o segundo elemento de origem arábica, prova uma colonização árabe nesta região serrana. A forma mais correta do nome actual seria Pertarouca, mas nos documentos oficiais aparece com a grafia de Pretarouca. Em documentos mais antigos aparecem também as formas Portarouca e Preta Rouca. De património edificado destacam-se a igreja matriz em honra de São Nicolau, uma capela no lugar das Dornas, algumas fontes e cruzeiros. Actualmente foi construída em Pretarouca uma barragem sobre o rio Balsemão. Esta barragem tem como função assegurar o abastecimento urbano de água aos concelhos de Tarouca, Lamego e de Resende e ainda parte dos concelhos de Castro Daire, de Vila Nova de Paiva e de Cinfães. A população de Pretarouca vive ainda hoje da agricultura, pecuária e construção civil. Os jovens, tal como nas outras localidades, deslocaram-se para os grandes centros urbanos e estrangeiro em busca de melhores condições de vida.
in "Grande Enciclopédia Luso Brasileira"